sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Fogo suspende serviço da Oi na Bahia e mais cinco estados

PREJUÍZO - Chamas no Itaigara causaram pane nos serviços de telefonia fixa, móvel e internet também em Sergipe, Alagoas, Piauí, Pernambuco e Maranhão

Por Arivaldo Silva*

Foto: Edson Ruiz / Ag. Folhapress

Durante boa parte do dia de ontem, uma fumaça escura e densa passou a fazer parte do ambiente no entorno do prédio da operadora telefônica Oi, na Avenida Antônio Carlos Magalhães, bairro do Itaigara.

Um incêndio começou por volta das 10h e não foi controlado até o fechamento desta edição, apesar dos esforços dos bombeiros. Vidros das janelas foram quebrados para facilitar o trabalho, mas a fumaça só aumentava.

Moradores do bairro procuraram informações sobre a falha nos serviços de telefonia causada pelo incidente, mas não obtiveram nenhuma resposta da operadora. O incidente comprometeu serviços de telefonia e internet oferecidos pela operadora na Bahia, Sergipe e gerou dificuldades de telefonia móvel em regiões de Pernambuco, Alagoas, Piauí e Maranhão.

No portão principal do prédio, foi colocado o seguinte comunicado: “Desculpem-nos. Sistema fora do ar. Sem previsão de retorno. Em caso de dúvidas, ligar para103 31 ou procurar as lojas do Campo da Pólvora ou Comércio”. A reportagem de A TARDE tentou falar coma Oi pelo telefone informado, sem obter sucesso.

As chamas começaram no 2º andar do prédio de três pavimentos, vizinho ao Hotel Fiesta, provavelmente na sala de baterias, e se espalharam rapidamente. Cinco veículos do Corpo de Bombeiros e duas ambulâncias do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foram deslocados ao local.

Após passarem mal por inalar fumaça tóxica, quatro bombeiros foram encaminhados ao Hospital Geral do Estado – e mais dois foram atendidos no local, com sinais de exaustão.

De acordo com o coronel Nelson Vasconcelos, subcomandante do Grupamento de Bombeiros Militares, os trabalhos iriam continuar até que o foco do incêndio fosse localizado. “O fogo está concentrado no sistema de cabeamento. Precisamos encontrar o melhor acesso para combater e debelar as chamas”, afirmou o oficial.

Nota - Em nota, só divulgada no início da noite, a Oi informou que a “companhia ainda avalia a extensão da base de clientes afetada” e que “o restabelecimento dos serviços ocorrerá de forma gradual, com prioridade para serviços de emergência”.

Uma fonte ligada aos Bombeiros, que não quis se identificar, afirmou que o prédio não dispõe de um sistema seguro de exaustão: “A fumaça ali não se dissipa porque eles não têm um exaustor, que é um item de segurança muito importante”.

No início da noite, um caminhão chegou ao local levando um gerador de energia e um sistema de exaustão portátil, com o objetivo de dissipar a fumaça tóxica.

Prejudicados - Ralph Fernandes, 53,morador do Itaigara, sentiu o cheiro de queimado no início da manhã e foi até a Oi saber quando voltaria a usar a internet e os telefones. “Fui muito afetado com a interrupção dos serviços”, reclamou Fernandes.

O gerente do Hotel Fiesta Bahia, Carlos Pugliese, contabiliza prejuízos. “Não conseguimos confirmar várias reservas. Usamos outra operadora, mas com certeza teremos perdas por ficarmos impossibilitados de falar com nossos clientes. Essa falta de comunicação é um absurdo”, queixou-se Pugliese.

* Colaborou Fábio Bitencourt

*Matéria de capa, publicada no dia 22/12/2010, página A4, do jornal A Tarde.

Quadrilha interestadual é presa ao tentar roubar hipermercado em Salvador

Por Arivaldo Silva*

Fotos: Mila Cordeiro / Ag. A TARDE

VIOLÊNCIA - Menino é atropelado na tentativa de fuga frustrada por militares

A manhã de ontem foi de pânico e correria para os clientes que estavam no hipermercado Extra da Avenida Vasco da Gama. Uma quadrilha interestadual de ladrões, composta por três homens e duas mulheres, foi presa por policiais da 41ª Companhia Independente da Polícia Militar com equipamentos eletrônicos furtados no estabelecimento na noite de sexta-feira.

Os criminosos voltaram para tentar um novo roubo na manhã de ontem, quando foram surpreendidos. Na sexta à noite, eles entraram no hipermercado como clientes comuns, levaram quatro computadores e um monitor LCD escondidos em sacos e saíram sem chamar a atenção dos funcionários e seguranças do local. O maior erro da quadrilha foi considerar o local fácil para outra ação criminosa.

Circuito - Depois de serem identificados pelo circuito interno de TV, ontem pela manhã, a administração acionou a PM, que perseguiu o grupo e conseguiu prendê-lo.

Os maranheses Roseane Nunes da Silva, 34 anos, Rita das Graças Costa, 47, Eduardo dos Reis Vasconcelos, 60, Carlos Magno Costa Cuprim, 38, e o paulista Adailton Alvino de Almeida (motorista do VW Golf HPT-0431 usado na fuga) tentaram escapar. Os militares dispararam vários tiros contra o veículo e conseguiram pará-lo. O veículo acabou derrubando uma câmera de segurança do estacionamento do Extra.

Uma criança de 11 anos foi atropelada pelos bandidos e levada ao Hospital Geral do Estado (HGE), onde foi liberada no início da tarde com escoriações nas pernas. Os bandidos presos e os equipamentos roubados, que estavam no veículo, foram encaminhados à 6ª CP, localizada na Ladeira dos Galés, bairro de Brotas.

Adolescente - Uma adolescente de 15 anos foi baleada em Jardim Armação na noite de sexta-feira. De acordo com a Central de Telecomunicações das Polícias Civil e Militar (Centel), Bianca Rodrigues Pinheiro sofreu uma tentativa de latrocínio. Ela foi ferida depois de ter o celular roubado. Bianca foi conduzida para o Hospital Roberto Santos.

*Matéria publicada no dia 12/12/2010, na página A9, do jornal A Tarde

Estado e sociedade lutam contra o preconceito e a intolerância religiosa

Por Arivaldo Silva*

Foto: Mila Cordeiro / Ag. A TARDE

No imaginário coletivo, a Bahia é conhecida internacionalmente como um dos poucos locais no mundo onde diferentes matrizes religiosas e étnicas convivem em harmonia. No entanto, a violência – aliada à intolerância religiosa – registrada em diversos episódios contradiz esse mito.

As comunidades que professam religiões de matriz africana são as que mais sofrem com as invasões, depredação e expulsão das pessoas dos espaços sagrados. Desde agosto do ano passado, quando integrantes do lê Axé Ojunilê Xapanã, na Capelinha de São Caetano, foram expulsos do local a tiros por criminosos, pelo menos outras cinco graves ocorrências foram registradas em Salvador e no sul do Estado.

Em dezembro de 2009, o babalorixá José Bispo, o Pai Santinho, do Ilê Axé Filibomin (Tancredo Neves), foi morto, o templo, destruído, e as pessoas, expulsas. No Ilê Axé Opô Afonjá, em São Gonçalo, traficantes invadiram o local e levaram objetos sagrados em janeiro deste ano. Em abril,após o assassinato do ogan Claudionor Cruz, 15 famílias do Ilê Axé Jilewá, em Fazenda Coutos,foram expulsas por traficantes. As famílias ainda não retornaram. Em Portão (Grande Salvador), em julho, o Ilê Omorodé Axé Orixanlá foi invadido, um tiro deflagrado e um celular furtado.

No último dia 23, a ialorixá Bernadete Souza Ferreira dos Santos foi agredida por policiais militares, no assentamento Dom Hélder Câmara, em Ilhéus (a 467 km de Salvador). Os PMs estão afastados das atividades nas ruas. O governador Jaques Wagner esteve reunido com Bernadete, no último dia 10, para discutir a denúncia. Wagner disse ao A TARDE que, no segundo mandato, o combate a esses crimes será efetivo: “Não haverá tolerância com a intolerância”. Para ele, o corregedor adjunto da PM, tenente coronel Manoel Souza, que descartou intolerância religiosa, foi “precipitado”.

Comissão - Neste contexto, foi criada, em maio, uma comissão com representantes de terreiros e da Secretaria da Segurança Pública (SSP). De acordo com o titular da SSP, César Nunes, o trabalho da comissão é um elo entre a comunidade e o governo. “Fizemos várias ações baseadas nas investigações, coibindo a violência”, disse Nunes. Para ele, “todas as hipóteses estão sendo investigadas no caso de Ilhéus”.

A comissão criada pela Secretaria da Segurança Pública baiana (SSP-BA) para coibir crimes de intolerância está em fase de organização interna para atuar no enfrentamento aos crimes. Ela é formada pela delegada Isabel Alice Pinho, o major da Polícia Militar Paulo Sérgio Peixoto, o presidente da Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro-Ameríndia, ogan do Ilê Axé Oxumarê, Leonel Monteiro, o coordenador do Núcleo das Religiões de Matriz Africana da PM, Raimundo de Souza, e a representante da sociedade civil (movimento negro) do terreiro Ilé Axé Nzambi Funam, Rebeca Tárique.

Preconceito - Segundo Leonel Monteiro, é preciso combater o preconceito, que gera a intolerância. “O ódio religioso tem várias facetas.É preciso que os agentes públicos em todos os níveis tenham a orientação de respeitar a diversidade de crenças que existem na Bahia”, ele acredita. De acordo com o major, a comissão tem caráter articulador: “O objetivo é empreender ações no campo social e da segurança, buscando o amparo para as comunidades que ficaram desprotegidas”, informa Peixoto.

Justiça tem 65 processos por preconceito de raça ou de cor

Dados do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) dão conta de quetramitam65processosde crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor nas 17 varas crimes de Salvador e 39 em comarcas do interior do Estado. Para o professor Ordep Serra, do Departamento de Antropologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), está havendo uma “demonização” do povo-de-santo na Bahia. “Quando policiais entram em um terreiro e tentam fazer um exorcismo, ficamos reféns de um ato pseudorreligioso. É necessária a reeducação da sociedade”, opina o professor e pesquisador.

A secretária estadual de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi), Luiza Bairros, afirma que o maior esforço deve ser para colocar a população das comunidades de terreiro como atores políticos. “A Sepromi contribui neste contexto, viabilizando abrigo e alimentação às pessoas em risco”, explica a secretária.

Discriminação oficial foi extinta no ano de 1891

O Estado laico se consolidou no Brasil na primeira Constituição Republicana do País, promulgada no ano de 1891. Só a partir dali, a nação adotou uma postura oficialmente neutra em relação às questões religiosas. Antes disso, o preconceito era oficial.

O vice-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Seção Bahia (OAB-BA), Antônio Menezes, lembra que, quando a religião oficial do País era a católica, os praticantes do candomblé e os protestantes (como eram chamados os evangélicos) eram perseguidos com o aval do próprio estado. “As pessoas só podiam professar outras religiões no País se fosse no âmbito particular. Hoje, sob certos aspectos, vemos uma situação parecida. Os ofendidos podem procurar a comissão de direitos humanos da OAB para denunciar”, esclarece Menezes.

Discriminação - O Grupo de Atuação Especial de Combate à Discriminação do Ministério Público baiano (Gedis/MP-BA) acompanha o caso de tortura e discriminação sofridas pela ialorixá Bernadete, em Ilhéus. Segundo o promotor Cícero Ornellas, as denúncias recebidas pelo MP são apuradas e repassadas à Secretária da Segurança, para que tome as medidas cabíveis.

POLÊMICA AGRESSÃO A SANTO NEGRO - Há três anos, um fiel de uma religião evangélica quebrou em 27 pedaços uma imagem secular de São Benedito, na Igreja de Sant’Ana (Nazaré). A imagem já foi restaurada.

ONDE DENUNCIAR O PRECONCEITO

INSTITUTO PEDRA DE RAIO

Oferece atendimento jurídico em questões raciais. Telefone: (71) 3241-3851

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PRESERVAÇÃO DA CULTURA AFRO-AMERÍNDIA (AFA)

Atua no enfrentamento à intolerância religiosa. Telefone: (71) 3495-5967

GRUPO DE ATUAÇÃO ESPECIAL DE COMBATE À DISCRIMINAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO BAIANO

Apura denúncias de agressões relacionadas ao racismo. Telefone: (71) 3103-6409

COMISSÃO DE DIREITOS HUMANOS DA OAB-BA

Apura violações de direitos: (71) 3321-2777

*Matéria de capa do jornal A Tarde de 17/11/2010, publicada na página A4.

sábado, 23 de outubro de 2010

Ações na Lapa não amenizam sujeira e riscos para usuários


Por Arivaldo Silva

Foto: Raul Spinassé / Ag. A TARDE

No final da semana passada, a Prefeitura de Salvador começou a executar o projeto Ordem na Casa, com o objetivo de realizar ações de ordenação urbana, manutenção e reparos em equipamentos públicos. O primeiro lugar a receber as ações do projeto foi a Estação da Lapa, desde o último sábado. A prefeitura informou que, em seguida, seriam atendidas outras estações e a orla.

A TARDE esteve na Estação da Lapa esta semana para conferir as ações já iniciadas, mas constatou que não houve mudanças no quadro ruim do terminal depois da passagem dos agentes municipais. Além do problema crônico das escadas rolantes interditadas, sujeira por toda a parte e banheiros públicos exalando intenso mau cheiro, o local está infestado por pombos, que disputam os espaços com usuários da estação. “Essa situação é horrível, uma total falta de higiene. As pessoas preferem se alimentar no shopping ao lado (Piedade) para fugir disso”, reclama a atendente Michele Bispo, 28 anos.

De acordo com Euvaldo Jorge, titular da Secretaria Municipal de Transportes e Infraestrutura (Setin), a questão das escadas rolantes da estação ainda depende de um processo licitatório para ser resolvida. “O edital de licitação sai nos próximos dias. No choque de ordem que fizemos sábado, retiramos ambulantes e fizemos a limpeza do local”, alegou.

Praga urbana - Segundo o infectologista Gustavo Mustafa, os pombos procuram abrigo e alimentação, fáceis de ser encontrados na Lapa. Quando encontram essas situações, começam a se reproduzir. Mustafa explica que as aves são incluídas entre as “pragas urbanas”.

Ainda de acordo com o especialista, os pombos podem transmitir fungos, como o cryptococos, que ficam nas fezes dos animais que, quando ressecam, misturam-se à poeira, podendo causar danos ao sistema nervoso central de pessoas com baixa imunidade. “Também têm pulgas e ácaros e podem transmiti-los, causando dermatites”, adverte Mustafa, que aponta a limpeza como questão essencial para afugentar as aves.“ O fechamento dos locais onde eles se escondem é outra medida para controle integrado de pragas”, complementa o especialista.

Mercado Modelo - Outro local que requer atenção é o Mercado Modelo. Um amontoado de pedras, lixo e materiais de construção chama a atenção no estacionamento de um dos cartões postais mais conhecidos da capital baiana.

De acordo como presidente da Associação de Comerciantes do Mercado Modelo (Ascomm), Nelson de Barros Tupiniquim, 50, os materiais encontrados no estacionamento são sobras de um serviço ali realizado. “Estamos programando um mutirão de limpeza para retirar todo o entulho”, garante Tupiniquim. “As vendas estão péssimas com todo esse abandono. Todos os comerciantes do mercado estão se queixando”, disse a baiana de acarajé Meire de Oliveira, 42.

Segundo a gerente de infraestrutura turística da Empresa Salvador Turismo (Saltur), a responsabilidade pela execução dos trabalhos é da Sucop. “A obra está atrasada há mais de um ano, agora dependemos de uma posição da Sucop”. Mas nem todos têm paciência para esperar solução: “Está tudo jogado às traças”, reclamou o comerciário Adilson Caetano, 68 anos.

Centro - Na área central da capital baiana, o cenário observado pela equipe de reportagem também exige pronta ação da prefeitura. Na Rua Carlos Gomes, proximidades da sede regional do Ministério do Trabalho e Emprego, existe uma obra e os materiais de construção estão na calçada. Com isso, os pedestres estão sendo obrigados a andar – e se arriscar – na rua.

Lixo e entulho também tomam conta da Rua Alegria dos Barris, transversal da Rua do Salete, onde funcionam vários cursinhos universitários e faculdades particulares. “É muito ruim essa situação aqui. A prefeitura deveria ter mais cuidado. Até por conta de problemas de saúde. Acredito também que os moradores poderiam cuidar melhor do lixo”, cobrou a estudante Fernanda Araújo, 23 anos.